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Beira

Zé Ramalho

5

Eu entendo a noite como um oceano

Que banha de sombras o mundo de sol

Aurora que luta por um arrebolEm cores vibrantes e ar soberano

Um olho que mira nunca o engano

Durante o instante que vou contemplar

Além, muito além onde quero chegar

Caindo a noite me lanço no mundo

Além do limite do vale profundo

Que sempre começa na beira do mar

Na beira do mar

Ói, por dentro das águas há quadros e sonhos

E coisas que sonham o mundo dos vivos

Há peixes milagrosos, insetos nocivos

Paisagens abertas, desertos medonhos

Léguas cansativas, caminhos tristonhos

Que fazem o homem se desenganar

Há peixes que lutam para se salvar

Daqueles que caçam em mar revoltoso

E outros que devoram com gênio assombroso

As vidas que caem na beira do mar

Ói, na beira do mar

E até que a morte eu sinta chegando

Prossigo cantando, beijando o espaço

Além do cabelo que desembaraço

Invoco as águas a vir inundando

Pessoas e coisas que vão arrastando

Do meu pensamento já podem lavar

Ah, no peixe de asas eu quero voar

Sair do oceano de tez poluída

Cantar um galope fechando a ferida

Que só cicatriza na beira do mar

Na beira do mar

Na beira do mar

Na beira do mar

Na beira do mar

Na beira do mar

Na beira do mar