Album Cover Comida

Comida

Slow J

9

Eu ′tou tão longe da verdade pura, dura

À procura da sanidade do outro lado da loucura

Diz o monge que a verdade cura, juraMas por mais que eu sorria volta sempre chuva

E volto a ser humano e para onde é que ele volta?

Se não és rico, nem pobre, nem preto, nem branco

Qual a camisola, brother? Só me isola, brother

'Tão-me a meter etiquetas, gavetas só tretas

′Pa ver se a minha sola cola

Isto é de solo a solo

O meu caminho a mim pertence

Isto é 'pa toda a gente e eu repito: toda a gente

Nada nos une, nada nos separa, preso, penso

Teoria insana em que eu vivo, clinicamente tenso

Eu 'tou pronto ′pa conversarmos a sério

E se eu tiver a errar o passo no terraço do prédio

Dá-me a verdade crua e cristalina

Dá-me a tua perspectiva, a chave

Eu já nasci com um olho fechado

Isto não é comida, brother, mas espero que te alimente

A fome desta alma, que aguça o meu pensamento

Abrupta voz da calma, nunca dorme, nunca mente

Passado não alimenta o meu presente, eu paro o tempo

Pernoito raramente em casa, a cota sente a falta

Meus putos no café já dizem que eu esqueci da malta

Eu acho que senti saudade até uma certa idade

Mas lá p′á sétima mudança o sentimento

É claramente bloqueado pela cabeça, eu 'tava mais calado

Puto anestesiado, mo pai ′tá informado

Chegava a casa cada dia, dez anos cansado

20 anos, 30 anos, nunca o ouvi queixar-se

E vi tão pouco, 18 anos dessa fé dos outros

Se Deus alguma vez me ouviu

Não me culpou pelos loucos

Amargurados já fui tão manipulado

Que hoje em dia eu nunca sei

Se sou culpado, então eu nunca paro

Eu sempre fui diferente, eu não escolhi prová-lo

Eu minto raramente a gente que me ouviu no rádio

Exactamente o mesmo, que me mente a mim o sábio

O mesmo que me minto ao espelho, é tão dúbio o meu lábio

Eu dava tudo por frases de Hemingway

E por falar comigo próprio, honestamente como eu sei que

Poderei um dia vir a ser, eu acredito

Eu sou o meu pior inimigo, o que eu não consigo é

Aceitar as minhas falhas, ver o ser humano

Pensar na escada, passo a passo, quanto tempo tenho

Chamam-me hipócrita

Apregoador de calma incógnita a mim próprio

Evito viver sóbrio, evito ver que as tenho

Nego ser ignorante, nego ser abençoado

Nego limites, não me imites, acabarás magoado

Nego doutores e horas de sono aconselhado pela ciência, boy

Meu dia tem bem mais que 24

O quarto, o parto, o dar-to um lar, tirar-to

Eu vivo vidas entre linhas, J o encarnado

Achei que isto era really real rap do Tibete

Vai dizer ao Dalai Lama

Que eu hoje 'tou a iluminar a track, nigga

Peace ′pa todo o ser humano que procura paz

Eu 'tou a procura da minha e tanta falta faz

Hoje eu ′tou num daqueles dias em que é complicado

Pensei em enrolar a minha e deixar-te um recado

Tu és da rima ou do canto, tu és preto, ou és branco

Tu vais para qual das gavetas, concentra-te no importante

Se eu viver irrelevante

Leva daqui que eu vi vida a cada instante

Em cada nota do piano

Em cada frase Nach'iana que eu decorei

Cada beat de Dr. Dre, cada Kid Cudi

Cada track de K. dot, rap de tentar

Se não foi 'pa legendary, foi ′pa quê?

Antes de apontar gun, aponta no caderno o teu porquê

Se não der para acabar com a fam′ em Saint-Tropez

Quem sabe aos domingos atacarmos o buffet

E chegar a velhinhos, sermos quentes dentro, sorridentes

Lentos me'mo, orgulhosamente, como cotas no presente

Que só se encontram raramente e isso assusta-me

E muitas outras coisas igualmente/

Porque eu não faço sons, nunca ousarei ser tão eloquente

Eu só rezo por música diferente

Eu nunca fui guloso, só quis algo mais que amigo

Fazer ao Rui Veloso o que o Ronaldo fez com o Figo

Fome de ser colosso circulou e o ser colou-se

Ao ser que só queria ser feliz, mesmo que sem abrigo

Eu devo ser um ser antigo

P′ra parecer-me, deves parecer-te só contigo

Eu devo ser um ser antigo

P'ra parecer-me, deves parecer-te só contigo

Ligo o mic, barro o pão, 80 barras ′pa degustação

Já ninguém me agarra sem a vocação

Isto é de coração

Designs vindos do interior

Nigga, eu faço isso por amor, não por bajulação

Icónico é o ócio de homens que desdenham

O lógico da corja pela imaginação

Se o tópico é um top e cú tópicos nos trópicos

És cómico e tens cotação

Eu sou um homem ou uma mutação

Eu sou óptimo, o óbito da perfeição

Eu não me prendo nessa caixa, eu sou libertação

Eu não sou quente, eu só ostento a minha lentidão

Dá-me uma prenda e sente a pulsação

Mo mano aguenta tudo o que é pressão

Forjado a aço

No meu braço eu tenho traços

De quem nunca faz as pazes com essa estagnação

Hoje eu aprendo mais uma lição

Isto nem é damn, só demosntração

É assim que eu encho tracks tipo bolsos, mãe

97, 98, 99, 100