Album Cover Favela Vive 4 (feat. MC Cabelinho, Kmila Cdd, Orochi, Cesar MC & Edi Rock)

Favela Vive 4 (feat. MC Cabelinho, Kmila Cdd, Orochi, Cesar MC & Edi Rock)

ADL

4

L-O-R-D, favela vive

Pra começar com todo o amor do mundoHoje eu acordei no puro ódio

Muita fé pros cria, pá, e aí, visão

São vários no crime, eram pra estar no pódio

Gatilho, várias mãe aqui ficou sem filho

Tentando sair do mais baixo andar do poço

Pra nóis deram 600 reais de auxílio

Bala na cabeça ou joelho no pescoço

Quantos aqui recorre a isso?

Portando Glockada, boca de fumo é serviço

Sem pedir esmola que eu nunca vi lucro nisso

Nóis pede comida e eles querem julgar nisso

14 anos, preta é a cor da sua pele

Some da sua casa, aparece no IML

Nesse momento, eu ouço uma voz me dizendo

Foi fulano, foi beltrano, mas podia ser Guilherme

Pro favelado sobra isso

E pela família é que se ignora o vírus

Sem o privilégio do safado que dá o papo no polícia

Que ele é macho na favela e bosta no Alphaville

Você me pergunta: De onde vem tanta raiva?

É do descaso da patroa com o filho da empregada

Tratamento diferenciado e liberado

Aí o preço pago é 20.000 na vida favelada

Os que comemora a morte, esses cara é sinistro

Chora se o bonde abateu o helicóptero

Burguês safado que nunca se misturou

Nasce rico e acha que alguém inveja sua cor

Nove jovens mortos num baile em Paraisópolis

Pobre não tem nem direito de ser feliz

Tu não é um cara igual meu mano Rogério Soares

Tu nem reconhece mais as próprias cicatriz

Mas nóis palmeia tudo daqui

Acende o balão, pé no chão, bem plantado aqui

São tantas covardia que eu nem me surpreendi

Se pra nossas doenças sempre disseram: E daí?

E quando acabar essa canetada

A bala vai comer, alguém aqui vai sorrir, alguém aqui vai chorar

E gritar: Favela Vive

Ou: Eu não consigo respirar

Eu ouço tiros e 12 por um, sirenes e latidos de cachorro

Deus, nunca vi finalidade dessa guerra burra que rola no morro

A nossa revolta você só vai entender

Quando uma bala perdida simplesmente achar você

Me perguntaram um dia o quê que eu acho da UPP

A maior covardia que o governo foi fazer

Só me diz pra quê? Melhorou o quê?

Mudou o quê? Quero saber

Tem alguém aê pra me responder? Será que ninguém vê?

Pelo amor de Deus, mais quantos vão morrer?

E minha filha, criança ainda

Traumatizada, acordou chorando e veio correndo pros meus braço

Playboy não sabe o quê que é um tiro de fuzil na hora da troca

Atravessando a janela do seu quarto

O povo aqui em cima pede socorro

Indignado quando a bala come

Eles têm grana pra guerra no morro

Mas nunca consegue acabar com a fome, não

Eu luto por justiça até o final

Por todos inocentes atingidos

Depois perguntam na cara de pau

Porque que o menorzin virou bandido

Enquanto essa porra não mudar

O Estado vai ser recebido assim

Com balas de AK

O Águia vai cair

Blindado vai enguiçar

Favela vive em mim

Deixa a porta aberta pra que a preta entre

Educada, abençoada ainda lá no ventre

Da minha mãe Dona Cristina

Me deu autoestima, consagrou minha sina

Ensinamento dela na minha vida é como vitamina

Pra combater e virar uma vencedora

Me tornei uma boa aluna porque tive boa professora

Na escola da vida, na escola da rua

Favela que vive, favela que chora e a luta continua

Sou mulher e me mantive no fronte

Nunca tive no topo, mas sempre tive no monte

(Que é lá no morro) onde o bicho pega, onde o coro come

Sou raiz, comunidade, trago favela no nome (CDD)

Deixo marcas profundas do meu histórico

Contos cabulosos que ninguém ficou eufórico

A droga destruiu algumas das minhas amigas

Causando na família perdas com várias feridas

Eu vi viciado sendo cobrado

Levando tiro na mão, a mãe chorando do lado

Fazendo um pedido pra não matarem o filho que virou bandido

Consequências previsíveis de escolhas erradas

Não dá pra ser do bem, do caminho do mal

Dessa forma várias histórias foram encerradas

Roteiro de um filme que eu sei o final

Protagonista invisíveis, narrativas contadas

Sou narradora, minha própria gestora, orgulho de ser mãe

Dei luz a uma filha bonita que hoje na vida me compõe

Tô ensinando e aprendendo

Percalços e vitórias, mas a gente sempre tá desenvolvendo

Eu e minha pequena redesenhando a cena

Corações unidos pra fugir de um velho problema

Causados por pessoas que eu não idolatro

Kmila CDD, Favela Vive número quatro

Ontem eu sonhei que todos se uniram

Só pra deixar o sistema fudido

Pantanal em chamas, fuderam com os índios

Os irmão levam tiros, animais extintos

Rastro de mortes, lágrimas e gritos

Favela chorando e a mídia sorrindo

Ontem eu sonhei que todos se uniram

Só pra deixar o sistema fudido

Sou a prova que a favela venceu

Sou o contrário do que querem pra mim

Eu pergunto e as favelas respondem

Fé em Deus, não nos homens

Pelo bem da família e dos irmãos

Pra não ver nosso sangue pelo chão

Em dia de baile ou de operação

Fé em Deus, não nos homens

Orochi, mais um preto no topo

A favela venceu de novo e eles fingiram que não viram

Y′all, cê não tá entre nóis

Porque sua máscara caiu bem antes do coronavírus

Humildade prevalece à la Didico

Sinta o poder bélico, welcome tô Rio

Nessas linhas eu pratico terrorismo

Comendo o coração de um racista vivo

Levantei minha cidade e tirei uns manos do crime

Pago qualquer fiança, um contrato da Mainstreet

Levando a cultura do playboy ao desfavorecido

Com a cara na capa de revista e na maconha do Rio, yeah

Sou a prova que a favela venceu

Sou o contrário do que querem pra mim

Eu pergunto e as favelas respondem

Fé em Deus, não nos homens (ah)

Pelo bem da família e dos irmãos

Pra não ver nosso sangue pelo chão

Em dia de baile ou de operação

Fé em Deus, não nos homens

Eles são covarde, ó como eles agem

Querendo invadir minha comunidade

Por isso, meu mano, eu já tô cansado de ouvir papagaionagem

Quem nasce em meio ao massacre

Tem o ódio de amostra grátis

Que minha vida não é um TikTok

Minha vida é um tic-tac, ó

Eu relaxando em pleno dia de domingo

E no churrasco um racista queimando vivo

Tá parecendo até filme do Tarantino

Sua viúva chorando é música pros meus ouvidos

Quer matar um favelado antes que ele fique rico?

Quanto mais nós é falado, mais eles ficam falido

Agradece se tu pode chegar em casa hoje vivo

Porque tu é sobrevivente de um plano de extermínio

Minha caneta é uma AK, tá sempre pronta pra atirar

Eu odeio tanto a direita quanto a esquerda caviar

Dizem que tu tem o direito ainda de optar

Pelos que não se importa com nóis e os que fingem se importar

Vocês odeiam concorrência, não tiveram coerência

Me ensinou o latrocínio e como invadir residência

500 ano que os branco tão na porra do Brasil

Dando um curso intensivo de como agir com violência

Pelas minhas filha, minha família, que eu vivo na correria

Pra quando eu olhar pro prato, não faltar um feijão com arroz

Eu tô disposto no meu posto pra matar o leão de hoje

Se ele fica pra depois, amanhã ele já vira dois

Tu lembra do Favela 3? Confundiram Marcos Vinícius

Agora no Favela 4 foi Ágatha e João Pedro

Dá medo ver que o herói desses burgueses brasileiro

É um policial na hora vaga que trabalha de blogueiro

Vocês já se esqueceram? Rennan da Penha foi preso

Racismo nunca é do gueto, merma' história, mermo′ enredo

Na rave tu vê os playboy também se drogando à vontade

Mas os DJ daquela porra não são favelado e preto

Só quem é cria do morrão vai entender essa visão

Porque os beco te ensina a ser homem desde cedo

Não é bom botar a mão naquilo que é do teu irmão

Pra não cair na situação de tu perder todo teus dedos

Hmm, yeah

É som de preto, yeah, yeah, ahn

É som de preto, de favelado

E quando toca, ninguém fica parado

É som de preto, de favelado

Mas quando toca, o branco lucra e nóis que sai algemado

Vidas pretas importam!

Tem quem reclame dessa frase

Enquanto balas nos invadem e os joelhos nos sufocam

Ei, nunca ligaram pra essa causa

É hashtag TelaPreta pra fingir que nos suportam

A cada 23 minuto morre um jovem negro, mais um negro drama

Tipo o João Pedro, ei

Mas por aqui, a dor só gera comoção

Quando a manchete é americana

Quantos George Floyd morreram no anonimato?

Aí que eu me pergunto

Se os TelaPreta se comoveram

Por que nunca tocaram no assunto?

Ainda que eu morra, eu vou denunciar

Até meu último suspiro por aqueles que não podem respirar

Tipo o filho da empregada que é morto pela patroa

A mídia abafa, o tempo voa e uma vida não se paga

Nesse país, a nossa dor não vale nada

Pensa se a patroa perde o filho e a culpa é da empregada?

O Brasil para!

Cena caótica

País onde a polícia é especialista em manipulação de autópsia

A idolatria é cega e a tragédia é óbvia

E o presidente da família só pensa na própria

Vida de pobre foi cobaia pra salvar a economia

Tem sangue no Excel que enriquece a burguesia

A fome não foi pra pauta, somente a mão de obra

Não ligam pra nossa falta, protegem a própria sobra

É que a direita me quer na mira da Colt

Enquanto o branco esquerdo-cult controla as minhas narrativas

Revolucionário que nunca pisou no gueto

É literatura branca me ensinando a ser preto

Guarde suas caixinhas, não me perturbe

Política perde o sentido quando a guerra é de fã clube

Me desculpe se não gostou dessa

Aguarde o próximo episódio e dai a Cesar o que é de Cesar

Favela vive, favela morre, ninguém se envolve

Não desenvolve, de quem é o revólver?

Das nove à nove, socorre!

Ideias tristes que num beat se dissolvem

E te comove

Estamos todos na batida, os mano e as mina, e ainda é pouco

Nóis é os louco, nóis é o troco

Mesma moeda suja de sangue que o vírus contamina

Quantos morreram

E quantos vão morrer bem antes de encontrar a vacina?

Em cada esquina, em cada poste, em cada porta

Em cada telha de Eternit, click, em cada lajota

Em cada torneira faltando água pra lavar as mãos

Em cada pólvora e bala nessa direção

Lá vem o Caveirão, diabo que mandou

Crianças nesse tapetão, na TV a mãe chorou

Se existe alguém, quem que vem para nos salvar?

Deus num guenta mais, tá difícil de contra-atacar

Plá, plá, plá, plá, vai pro chão e reza forte

Reza porque não é igual no filme, onde o crime é trote

Aqui é a morte, milícia e BOPE, azar e sorte

Em cada lote uma família, a trilha aqui tá sempre forte

Contra doença, contra sentença, contra violência

A conta não enche se é contra a demência, contra essa falência

Em cada quintal, que bem ou mal, em cada qual uma crença

Racistas fardados matam mais com mais uma licença

Vive, favela morre, ninguém se envolve

Não desenvolve, de quem é o revólver?

Das nove à nove, socorre!

Ideias tristes que num beat se dissolvem

E te comove

Favela vive, favela morre, ninguém se envolve

Não desenvolve, de quem é o revólver?

Das nove às nove, socorre!

Ideias tristes que num beat se dissolvem

E te comove